20 de janeiro de 2010

cartas


A primeira carta de amor que eu fiz; não enviei.
Achei que era imatura demais, que os sentimentos estavam confusos e não conseguir enviar.
Demorei dois dias quinze horas e vinte e sete minutos para finalizá-la; usei várias canetas coloridas, adesivos, frases e no fim coloquei seu coração junto ao meu, mas não enviei.

Lamento!

A segunda carta de amor que escrevi, usei um vocabulário mais elaborado, adicionei citações de poetas renomados e arrisquei me traduzir em uma canção, te direcionei mil juras de amor; gastei poucas horas, horas intensas, com muitas emoções, ficou tão perfeita a carta, que guardei.

Que Pena!

A terceira carta de amor que escrevi, bati o recorde de páginas e palavras, demorei mais de dois dias apenas para concluir meu pensamento, minha decisão, descrevia o amor que sentia e não temia essa decisão. Sim, o amor que sentia era a minha maior e melhor inspiração.
Desta vez não precisei das cores das canetas, dos versos ou composições, sentia que o amor que emanava me libertava, me possuía e se traduzia em “refrões”, te amava de forma tão plena e absoluta que minha maior loucura foi transpor a barreira do meu coração.
Não importava tudo o que sabia, os conflitos, desconfianças e traumas, não havia mais solidão.
E, sem poupar palavras, sem roubar nenhuma situação, apenas escrevi o que sentia te traduzi em canção...
Relembrei cada momento, cada beijo roubado, cada beijo sem razão e me deixei levar pela emoção...
Não sentia mais culpa em te amar sem limitação...
Não precisei mensurar tempo, datas ou situações, tudo era tão novo e recente, pleno e transparente, tudo, tudo, alimentava meu coração...
Sim a terceira carta que escrevi, foi a minha melhor revelação.
Mas... Esta carta conquistou meu coração e por temer todas as verdades escritas não enviei não e não.

Revolta!

Hoje escrevo esta carta, já selei o envelope, já destinei meu coração.
Hoje apenas escrevo frases tortas sem começo, sem meio, sem direção.
Não quero fazer revisão, descobri em meio ao tempo que verdades não ditas...
São versos soltos em vão...
São versos que se perdem sem direção.
Apenas escrevo para que saiba: É teu meu coração!

18 de janeiro de 2010

Leitura - Marsha Mellow e Eu


"E, quando ele chegar, acho bom tomar cuidado com seu comportamento, intromete-se a Voz interior, com um tom enfurecedoramente atrevido e sóbrio. Ao primeiro sinal de mutreta, eu dou o fora daqui.
-Ah, não... enche o saco - minha boca faz mímica da frase, mal-humorada. Estou com cara de quem está pra mutretas? E por que a Voz Inerior está parecendo minha mãe?
Não estou parecendo sua mãe, não senhora. E estou falando sério, entendeu? Já fiz minhas malas, estão prontinhas. Vou embora procurar alguém que me leve a sério.
Meu Bloody Mary chega num copo fino com tudo a que tem direito, até o talo de aipo afiado..."

(Marsha Mellow e Eu - Maria Beaumont)