9 de agosto de 2007

espelho

Hoje ao sair do espelho tive a nítida impressão de estar sendo seguida...
Seguida por convicções, atitudes e principalmente dúvidas...
Duvidei do meu espelho, do meu reflexo e principalmente da modura em madeira que insistiu em continuar ao redor daquele objeto estático... teimoso... e ao mesmo tempo tão exato.
Arrisquei iniciar uma conversa...
Tudo em vão... ele apenas olhava em minha direção, mostrava-se, mas... nada falava...
Entrei em um processo cruel de incerteza.
Seria real o que se refletia em minha frente?
Mãos, olhos, braços, barriga, coxas... tudo ali, igualzinho a mim, mas, não respirava...
Será que minha louca busca por um clone tinha cessado?
Será que a cópia fiel tinha vindo sob medida?
Será que possui algum defeito (além dos meus) de fábrica?
Será que veio acompanhado de acessórios, manias ou alergias?
O modelo ao menos é novo?
Tem brindes????...
Quantas perguntas... muitas ainda sem respostas...
...
É igualzinho...
Mas, não respira...
O reflexo ainda teima em parecer...
Desta vez sorri como louco... já chorou, já maquiou...
Mas me olha...
Me encara... gosto do olhar, porque desta forma consigo traduzir o que seus olhos reflete, esconde...
É, estou perdida, do outro lado do vidro, delimitada pelas molduras, presa a parede...
Tudo igual, amanhece... acorda... sai... volta... anoitece... dorme...
Nada muda...
Só reflete...

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